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UEG temporários, mas definitivos

Postado por Administrador terça-feira, 17 de março de 2009

Ministério Público e Superintendência de Controle Interno do Estado denunciam a situação irregular dos servidores e professores da UEG

ANDRÉIA BAHIA Na UEG há mais pro­fes­so­res e ser­vi­do­res tem­po­rá­rios do que efe­ti­vos, o que por si já se­ria uma dis­tor­ção não fos­se o fa­to de os con­tra­tos da mai­o­ria dos tem­po­rá­rios já ter ven­ci­do e eles con­ti­nu­a­rem tra­ba­lhan­do nor­mal­men­te na ins­ti­tu­i­ção. Cer­ca de 80 por cen­to dos pro­fes­so­res e téc­ni­co-ad­mi­nis­tra­ti­vos que tra­ba­lham na Uni­ver­si­da­de Es­ta­du­al de Go­i­ás (UEG) não pres­ta­ram con­cur­so pú­bli­co pa­ra tra­ba­lhar na ins­ti­tu­i­ção.

Par­te é co­mis­sio­na­da, são os no­me­a­dos pe­la di­re­ção da UEG, e ou­tra par­te é cha­ma­da de tem­po­rá­rios por­que a re­la­ção des­tes ser­vi­do­res com a UEG é re­gi­da por um con­tra­to com tem­po de­ter­mi­na­do.
No ca­so da UEG, de três anos.To­da­via, os con­tra­tos não vêm sen­do cum­pri­dos em re­la­ção a es­sa tem­po­ra­li­da­de.

Mui­tos pro­fes­so­res e téc­ni­co-ad­mi­nis­tra­ti­vos ad­mi­ti­dos pro­vi­so­ria­men­te es­tão na UEG há mais de 10, 15 anos. Es­sa si­tu­a­ção ir­re­gu­lar já foi in­ves­ti­ga­da por vá­ri­as ins­ti­tu­i­ções e até mes­mo pe­lo go­ver­no es­ta­du­al, mas até ago­ra na­da foi fei­to em re­la­ção aos tem­po­rá­rios-de­fi­ni­ti­vos da UEG. O Mi­nis­té­rio do Tra­ba­lho, por meio do pro­cu­ra­dor Al­pi­nia­no do Pra­do Lo­pes, aju­i­zou uma ação ci­vil pú­bli­ca em 2007 de­nun­ci­an­do es­sa ir­re­gu­la­ri­da­de e es­ti­pu­lan­do um pra­zo pa­ra a re­a­li­za­ção de um con­cur­so pú­bli­co que re­gu­la­ri­zas­se a si­tu­a­ção.

A UEG re­cor­reu da ação e o Tri­bu­nal Re­gi­o­nal do Tra­ba­lho con­clu­iu que o Mi­nis­té­rio do Tra­ba­lho não tem le­gi­ti­mi­da­de pa­ra ques­ti­o­nar con­tra­tos ju­rí­di­co-ad­mi­nis­tra­ti­vos de ins­ti­tu­i­ções pú­bli­cas. Al­pi­nia­no Lo­pes re­cor­reu da de­ci­são no Tri­bu­nal Su­pe­ri­or do Tra­ba­lho. “Se eles não são con­cur­sa­dos con­se­quen­te­men­te não são es­ta­tu­tá­rios, por­tan­to são ce­le­tis­tas e es­sa ca­te­go­ria en­tra na al­ça­da do Mi­nis­té­rio do Tra­ba­lho”, afir­ma o pro­cu­ra­dor.

Na opi­ni­ão de Al­pi­nia­no Lo­pes, fal­ta­ram fis­ca­li­za­ção e acom­pa­nha­men­to em re­la­ção às con­tra­ta­ções ir­re­gu­la­res na UEG. “E nun­ca nin­guém foi res­pon­sa­bi­li­za­do por is­so.” Se­gun­do ele, a si­tu­a­ção ir­re­gu­lar dos ser­vi­do­res da uni­ver­si­da­de es­ta­du­al con­fi­gu­ra im­pro­bi­da­de ad­mi­nis­tra­ti­va. O Mi­nis­té­rio Pú­bli­co de Aná­po­lis tam­bém in­ves­ti­ga os con­tra­tos tem­po­rá­rios da UEG. Se­gun­do o pro­mo­tor Mar­ce­lo Ce­les­ti­no, o MP re­ce­beu di­ver­sas de­nún­cias so­bre o ex­ces­so de con­tra­ta­ções de ser­vi­do­res tem­po­rá­rios.

“Con­tra­ta­ções sem cri­té­rios téc­ni­cos e sem con­cur­so de pes­so­as sem ha­bi­li­ta­ção pa­ra dar au­la ou tra­ba­lhar em ou­tros car­gos na ins­ti­tu­i­ção”, e x­pli­ca. Na mai­o­ria por in­di­ca­ção po­lí­ti­ca. Se­gun­do ele, as de­nún­cias não se con­cen­tram em Aná­po­lis e Go­i­â­nia, vêm de to­das as ci­da­des on­de há uni­da­des da UEG. O MP es­tá apu­ran­do as de­nún­cias e de­ve, se­gun­do Mar­ce­lo Ce­les­ti­no, ajui­zar uma ação ci­vil pú­bli­ca pe­din­do a anu­la­ção dos con­tra­tos tem­po­ra­is e res­sar­ci­men­to dos da­nos.

A Su­pe­rin­ten­dên­cia de Con­tro­le In­ter­no (Ge­co­ni), ór­gão li­ga­do a Se­cre­ta­ria da Fa­zen­da o Es­ta­do, tam­bém cons­ta­tou a ir­re­gu­la­ri­da­de dos con­tra­tos tem­po­rá­rios da UEG du­ran­te uma au­di­to­ria re­a­li­za­da na ins­ti­tu­i­ção e que foi con­cluí­da em ou­tu­bro do ano pas­sa­do. Se­gun­do o su­pe­rin­ten­den­te do Ge­co­ni, Si­no­mil So­a­res, 1.310 con­tra­tos tem­po­rá­rios da UEG já ex­pi­ra­ram e os con­tra­ta­dos con­ti­nuam tra­ba­lhan­do nor­mal­men­te.

Si­no­mil So­a­res con­fir­ma que a per­ma­nên­cia dos tem­po­rá­rios de­pois do con­tra­to ven­ci­do cons­ti­tui uma ile­ga­li­da­de. Se­gun­do ele, o Ge­co­ni fez uma re­co­men­da­ção à UEG pa­ra que a uni­ver­si­da­de re­sol­ves­se a si­tu­a­ção dos pro­fes­so­res tem­po­rá­rios e apro­vas­se um pla­no de car­rei­ra pa­ra os car­gos téc­ni­co-ad­mi­nis­tra­ti­vos. So­men­te a par­tir da cri­a­ção de car­gos téc­ni­co-ad­mi­nis­tra­ti­vos é pos­sí­vel re­a­li­zar con­cur­so pa­ra pro­ver as va­gas.

Em ja­nei­ro des­te ano, UEG res­pon­deu ao Ge­co­ni que ha­via cri­a­do uma co­mis­são pa­ra re­es­tru­tu­rar a ins­ti­tu­i­ção e que o go­ver­no ha­via au­to­ri­za­do a re­a­li­za­ção de con­cur­so pú­bli­co ain­da no pri­mei­ro se­mes­tre de 2009 p a­ra a con­tra­ta­ção de 475 pro­fes­so­res. Si­no­mil So­a­res ex­pli­ca que o Ge­co­ni ape­nas re­co­men­da ao ór­gão as me­di­das a se­rem to­ma­das em re­la­ção às ir­re­gu­la­ri­da­des en­con­tra­das, mas que não ne­nhum po­der pu­ni­ti­vo.

Ca­be ao Tri­bu­nal de Con­tas do Es­ta­do exer­cer es­te pa­pel. O re­sul­ta­do da au­di­to­ria re­a­li­za­da pe­lo Ge­co­ni na UEG foi en­ca­mi­nha­do ao TCE, as­sim co­mo as re­co­men­da­ções fei­tas à uni­ver­si­da­de. O TCE, por meio de sua as­ses­so­ria de im­pren­sa, in­for­mou a re­por­ta­gem do Jor­nal Op­ção que os con­tra­tos tem­po­rá­rios ce­le­bra­dos pe­la UEG es­tão sen­do ve­ri­fi­ca­dos pe­lo TCE em dois pro­ces­sos. Um ori­gi­na­do em uma re­pre­sen­ta­ção for­mu­la­da pe­la Pro­cu­ra­do­ria-Ge­ral de Con­tas e, nes­se, o pe­di­do con­tém, in­clu ­si­ve, tu­te­la an­te­ci­pa­da con­tra os atos apon­ta­dos co­mo ir­re­gu­la­res. E ou­tro que tem co­mo ba­se a au­di­to­ria do Ge­co­ni.

Na ses­são ple­ná­ria do dia 12 de fe­ve­rei­ro, o Tri­bu­nal Ple­no do TCE ne­gou a tu­te­la an­te­ci­pa­da so­li­ci­ta­da pe­la Pro­cu­ra­do­ria-Ge­ral de Con­tas, ale­gan­do que o con­tro­le ex­ter­no de­ve atu­ar sem­pre após a re­a­li­za­ção do ato a ser con­tro­la­do.

O re­la­tor do pro­ces­so, con­se­lhei­ro Mil­ton Al­ves, ar­gu­men­tou que: “uma de­ci­são in­tem­pes­ti­va/apres­sa­da des­ta Cor­te no sen­ti­do de in­ter­rom­per/ces­sar os con­tra­tos tem­po­rá­rios no cur­so do ano le­ti­vo só re­dun­da­ria em pre­ju­í­zos pa­ra a co­mu­ni­da­de dis­cen­te, com gra­ves re­fle­xos na po­lí­ti­ca edu­ca­cio­nal em­pre­en­di­da pe­la ins­ti­tu­i­ção de en­si­no.

Ao erá­r io não ha­ve­ria re­fle­xos, pois os pro­fes­so­res se­ri­am sub­sti­tu­í­dos por ou­tros, ad­mi­ti­dos ob­ser­van­do a le­gis­la­ção pró­pria mas, ago­ra, cer­ta­men­te é a des­tem­po, sem pre­vi­si­bi­li­da­de do ta­ma­nho dos es­tra­gos na car­ga ho­rá­ria cur­ri­cu­lar dos alu­nos que, afi­nal não tem na­da a ver com o ob­je­to da re­pre­sen­ta­ção aqui for­mu­la­da, mas se­rão cer­ta­men­te os pre­ju­di­ca­dos”. O TCE de­ter­mi­nou a ave­ri­gua­ção dos fa­tos e o rei­tor da UEG, Lu­iz An­tô­nio Aran­tes, foi ci­ta­do no dia 6 de mar­ço pa­ra apre­sen­tar, num pra­zo de 15 di­as, su­as ra­zões de de­fe­sa quan­to aos fa­tos ale­ga­dos pe­lo pro­cu­ra­dor Fer­nan­do Car­nei­ro dos San­tos, do Mi­nis­té­rio Pú­bli­co Es­pe­ci­al jun­to ao TCE, pa­ra fa­zer a de­fe­sa da UEG.

O rei­tor vai ser ou­vi­do tam­bém no pro­ces­ so ba­se­a­do na au­di­to­ria do Ge­co­ni e é pos­sí­vel que os dois pro­ces­sos de­em ori­gem a um só.

2 comentários

  1. Anônimo Says:
  2. E preciso que alguem faça algo, pela UEG, pois isto e reflexo do descaso com a instituição e com a população... Concurso Já!!! E fora apadrinhados!!!

     
  3. Anônimo Says:
  4. Essa e velha veja so???


    http://eleicoesueg.wordpress.com/2008/10/06/o-popular-1-uma-universidade-de-temporarios/

    Acompanhe reportagem de Vinícius Jorge Sassine em O Popular desta segunda feira (06/10). Segue trecho:

    Uma universidade ancorada em dois terços de professores temporários, sem vínculos decisivos com a instituição. Docentes entram e saem sem qualquer critério, uma rotatividade que impede a qualidade do ensino. Sobram cargos de direção, supervisão e gerência e faltam professores diante do inchaço das unidades. Enquanto são concedidas “vantagens anômalas” a determinados servidores, a realização de concurso público para um quadro efetivo é protelada há três anos.

    É essa a situação da Universidade Estadual de Goiás (UEG), detectada em auditorias do Tribunal de Contas do Estado (TCE) realizadas em setembro de 2007 e em setembro deste ano. A UEG passou a ser objeto de investigação do TCE, em especial a folha de pagamento da universidade pública com a maior – e a pior – estrutura no Estado. As inspeções fazem parte de um processo que tramita no TCE desde maio de 2007 (veja o trâmite no quadro).

    Ao procedimento instaurado no TCE foi anexada a acusação de mais uma irregularidade, que também será objeto de investigação, se feita a tempo. O questionamento sobre a predominância de professores temporários se estende ao processo de escolha do novo reitor da UEG. As eleições estão marcadas para o próximo dia 31. Uma reunião do Conselho Universitário da instituição no dia 15 de setembro permitiu que o atual reitor, Luiz Antônio Arantes, dispute a reeleição, mesmo sendo servidor temporário.

    (…..)

    Um documento anexado ao processo no TCE mostra que a atual administração da UEG protelou a realização de concurso público (veja o fac-símile). O Conselho Universitário, em reunião realizada no dia 8 de outubro de 2005, decidiu que deveria ser feito o concurso – uma forma de ampliar a ocupação dos cargos efetivos – no primeiro semestre de 2006. Seriam 500 vagas para professores, 300 já para o primeiro semestre. A resolução do conselho previa ainda 300 vagas para servidores técnico-administrativos.

     

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